Disciplina dentro de casa: mantenha o controle, mas não perca a calma

Entender alguns sentimentos de estresse que os pais projetam sobre seus filhos é um assunto importante e que recebe pouca atenção, de uma forma geral, das pessoas e da mídia. Um estudo sobre a efetividade de disciplinar os filhos usando de pequenas violências (puxões de orelha ou tapas leves) contra as crianças demonstrou a dificuldade que alguns pais têm em manter o controle sobre os filhos, especialmente em períodos de férias escolares, onde a convivência é maior.

Bob Montgomery, presidente da Sociedade Australiana de Psicologia (APS na sigla em inglês), afirma que é interessante que os pais, durante esse período, reconheçam o desafio de manter o estresse fora do ambiente familiar e prestem mais atenção em como controlar seus sentimentos e frustrações.

“Nessa época as crianças podem ser mais irritantes que o normal, pedindo coisas o tempo todo ou procurando chamar a atenção. Isso pode ser exaustivo e frustrante e alguns pais podem perder a cabeça mais facilmente com seus filhos. É possível usar estratégias para se acalmar antes de perder a paciência, como exercícios de respiração, conversar com amigos ou mesmo repetir frases positivas que ajudem a não se deixarem levar pela situação”, diz Montgomery.

Mesmo sair do ambiente para dar uma volta, ir tomar um copo de água, ou tocar um instrumento – para os mais hábeis – pode quebrar um círculo vicioso que levaria a um evento mais violento, físico ou psicológico, contra os filhos.

Punição é diferente de regras

Isso tudo porque uma série de estudos feitos pela APS mostra que a punição física contra o mau comportamento das crianças não funciona e há outros modos de tentar impor uma disciplina aos filhos.

“Usar punições físicas frequentes não propicia que as crianças aprendam a se controlar por si próprias”, afirma o estudo. Além disso, esse tipo de punição não ajuda a ensinar as crianças a diferença entre certo e errado.

O estudo também afirma que os tapinhas ou puxões de orelha deixam as crianças com medo dos pais, mas somente quando eles estão presentes. Se os pais não estão presentes, o nível de desobediência e mau comportamento dessas crianças costuma ser muito pior. E ainda: bater nos filhos também pode influenciar negativamente na qualidade da relação dos pais com as crianças.

Consequência lógica

Entre as dicas da APS para os pais está a necessidade de se ensinar aos filhos a noção de consequência lógica, através de regras. “Se você não se comportar, não terá sobremesa, como da outra vez”, por exemplo, é uma frase desse tipo de disciplina imposta dentro de casa. Castigos simples, que envolvam tirar certos privilégios – não deixá-los jogar videogame ou ver televisão por um tempo – e fazê-los ficar em seus quartos, para se acalmar após uma briga com o irmão, também são outras práticas que usualmente que funcionam muito bem.

O estudo também aponta que ser consistente na aplicação dessas regras é imprescindível. Outra coisa é deixá-las claras e, se possível, traçar – e porque não, escrever e deixar em um local visível – uma série de regras gerais de convívio familiar, elaboradas com a ajuda das crianças. O mais importante, diz o estudo, é ficar calmo: perder a paciência pode indicar, para os filhos, que eles controlam a situação.

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