Generosidade: boas ações são contagiosas

Para aqueles que se espantam com atos de vandalismo em zonas de desastres, como os que vemos na TV durante os terremotos no Haiti e no Chile, não perca a esperança na humanidade: atos de bondade – como a generosidade e a cooperação – se espalham tão facilmente quanto os atos de barbárie. E apenas alguns indivíduos fazendo a coisa certa, já é o suficiente.

No estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores da Universidade da Califórnia (UC) dizem ter conseguido uma evidência científica de que o comportamento cooperativo é contagioso e se reflete em pessoas ao redor. Quando as pessoas são alvo de uma “bondade” elas repassam adiante, ajudando outras pessoas que não estavam envolvidas no ato original. Isso, dizem os pesquisadores, criaria um movimento em cascata que se alastraria na rede social de cada uma das pessoas ajudadas de alguma forma. A pesquisa foi conduzida por James Fowler, da UC, e Nicholas Christakis, da Escola de Medicina de Harvard.

No atual estudo, Fowler e Christakis mostraram que, durante um jogo de laboratório, se uma pessoa recebia uma quantia de dinheiro como forma de ajudá-la a lidar com determinada situação, ela passava a cooperar com outras pessoas em futuros jogos. O dinheiro, no caso, é um objeto passível de ser mensurado e acompanhado durante o jogo, mas que poderia ser substituído por outros atos de generosidade.

O que foi observado foi uma espécie de efeito dominó, em que a generosidade de uma pessoa se propagava, inicialmente, para três pessoas, e na sequência atingia praticamente nove pessoas (considerando os jogos futuros) e isso continuava enquanto os experimentos foram repetidos. É bom pontuar que os participantes escolhidos não se conheciam previamente.

O efeito é persistente, explica Fowler: “Uma pessoa pode ser egoísta. Mas como resultado, observamos que as outras pessoas que haviam sido foco da generosidade anteriormente cobriam a falta dos indivíduos egoístas, cedendo mais de seu dinheiro”. “O dinheiro servia como um financiamento para a continuidade de outras pessoas no jogo”, observa Christakis.

“Achamos que esse efeito multiplicador pode ser menor ou maior no mundo real, em relação ao que observamos no laboratório”, diz Fowler. “Nós tivemos contato com experiências de generosidade vendo as reações praticamente imediatas das pessoas, mas isso não é observável em nossas interações sociais diárias.” Além disso, o jogo experimental eliminou os fatores ambientais e as questões ligadas à reputação.

“Nosso trabalho, que examina a função das relações sociais e suas origens genéticas, nos leva a concluir que há uma profunda relação entre as interações com a malha social que interagimos e a generosidade. Afinal, essa malha social é importante para o ser humano por conta de seus diversos benefícios à sobrevivência da espécie e esse ritmo de distribuição de generosidade – seja em forma de ideias, amor e cuidados – contribui para que ela se mantenha ativa”, teoriza Christakis.

.

com informações da University of California

0 comentários:

Postar um comentário