A felicidade mais plena é determinada por nossa postura mental, e não, pelos acontecimentos externos.

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Em que você está pensando hoje?

As causas e as consequências do bullying


Não há quem não conheça casos de constrangimentos a que escolares são submetidos continuamente por seus colegas. Esse tipo de ocorrência é denominado bullying, termo inglês que significa intimidação, e que se encontra mais disseminada do que se supõe. Uma série de estudos coordenados pela professora Luciene Regina Paulino Tognetta, do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, investiga a ocorrência de atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetitivos, entre alunos de escolas públicas e particulares da região metropolitana de Campinas. O estudo foca a violência entre pares – o bullying – e aborda as características do fenômeno e sua percepção junto aos estudantes.

Descobriu, por exemplo, que cerca de 30% dos alunos sofreram ou sofrem bullying constantemente na escola. No ensino fundamental II, em torno de 20% se dizem vítimas de bullying, o que ela não considera pouco. Constituíram alvo dessa pesquisa alunos que freqüentavam do terceiro ano do ensino fundamental I ao segundo ano do ensino médio. Outra questão relacionada às autoridades escolares identificou, para surpresa da pesquisadora, que cerca de 30% dos alunos se diziam vítimas dos professores. Este fato, segundo ela, introduziu uma agravante no problema, porque quando o professor é informado que os alunos têm problemas com ele, sua primeira reação – de acordo com as pesquisas – é considerar a violência dos alunos para com ele, sem conseguir enxergar a violência dele para com os alunos.

Para que o aluno possa pensar como resolver essas situações de bullying e quais regras devem regular a convivência na escola, as intervenções devem se dar nos três grupos: o dos agressores, o das vítimas e a dos espectadores. Mas com a participação do aluno, pois quando ele faz a escolha se sente pertencente à situação, não precisa agredir porque se responsabiliza pelas regras que ajudou a criar. Esse é o caminho, diz Luciene, para a convivência democrática na escola.

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da Redação

com informações da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)


Pais separados: algumas dicas para construir uma nova família


Um casamento que traz crianças de um relacionamento anterior é algo desafiador. Para que esse tipo de “família mista” seja um sucesso é bom ter em mente alguns pontos chave, que podem contribuir para um maior planejamento das novas famílias e ajudar a evitar atritos.

Planos para morar juntos e dividir as contas

Os casais devem decidir, inicialmente, onde viver e como dividir as contas. Normalmente os casais embarcam em um novo casamento e decidem em que casa vão morar e também é comum que um dos parceiros já esteja em uma casa e é o outro quem muda para um novo lar. Então é bom estar atento a qual é a melhor opção – quem muda pra onde – e também não esquecer: as crianças (se houver) também vão ter que abrir mão do seu espaço para viver em outro.

Quanto ao dinheiro, pesquisas indicam que aqueles que optam por contas conjuntas mostram maior satisfação com o relacionamento. Conversar sobre uma conta conjunta pode ser bom para a saúde do relacionamento a longo prazo, afinal envolve confiança mútua, planos para o futuro e ideias afinadas quanto a economia doméstica.

Sentimentos mal resolvidos sobre os relacionamentos anteriores devem ser revistos e superados

Casar novamente pode fazer sentimentos velhos e mal resolvidos voltarem a tona. Isso vale para adultos e para as crianças. Para os filhos, saber que o pai, ou a mãe, vai se casar novamente, irá forçá-los a ter que admitir que os pais não irão mais se reconciliar, e esse sentimento não é necessariamente bom.

Ex-mulheres e ex-maridos também podem iniciar relações tempestuosas calcadas em ressentimento. Esteja atento e não fuja dos problemas, mas tente resolvê-los. Se um profissional de saúde mental for necessário, não hesite: será bom para ambos os lados.

Antecipar as decisões para os filhos

Os novos casais devem discutir entre si como deverá ser a relação com os enteados (educação, hierarquia nas decisões, etc). Mesmo quando o casal já mora junto e os filhos convivem no mesmo espaço, o anúncio de um novo casamento pode ter respostas diferentes nas crianças, pois vira uma posição oficial, que deverá ser assumida publicamente.

Para que as crianças possam ter um tempo para se adaptar à notícia – ou seja, antes que parentes, amigos e vizinhos tornem o assunto rotineiro – encontre uma maneira de introduzir o assunto algum tempo antes de se ocupar o novo ambiente. Isso pode deixá-los mais confiantes e sentir que sua opinião é valorizada.

Qualidade do casamento

Após o novo casamento, casais sem filhos podem passar um tempo construindo um relacionamento a dois, mas aqueles que já possuem filhos muitas vezes estão com o foco mais nos sentimentos das crianças do quem em si mesmos.

Crianças pequenas podem querer mais atenção dos novos pais. Já os adolescentes, que estão se desenvolvendo – inclusive no tocante à sexualidade – podem ficar incomodados com um novo romance na família e começarem a se afastar ou ter respostas agressivas e negativas constantes.

Esses casais com filhos devem ter algum tempo somente para eles. Será bom, vez ou outra, se afastar dos problemas diários relacionados com os filhos. Agendar viagens regulares sem as crianças, para poder ficar a sós, é uma ótima opção. Mas desde que seja feito sem culpa. Nesses momentos a casa da avó ou do melhor amigo(a) da criança são boas opções.

Autoridade

A parte mais difícil em constituir uma nova família é a questão da autoridade parental frente aos filhos. No caso de crianças pequenas talvez seja mais fácil, mas quando envolve adolescentes em diferentes estágios de desenvolvimento, a coisa pode ficar complicada. Afinal, é comum que os adolescentes ficarem mais isolados da família enquanto desenvolvem a própria identidade e questionar a autoridade de uma forma geral também faz parte do processo.

Pesquisas recentes mostram que adolescentes mais jovens (ou pré-adolescentes, entre 10 e 14 anos) podem ter maior dificuldade para se ajustar a uma nova família. Já os mais velhos (a partir dos 15 anos) precisam de menos atenção dos pais e portanto talvez aceitem mais facilmente a nova condição.

Abaixo dos 10 anos também é mais provável que as crianças não sintam grande impacto na relação, especialmente se o novo pai ou mãe forem tranquilos e não mudem muito a forma como as coisas são feitas dentro de casa.

Mais do que um disciplinador, os novos pais devem estar atentos ao papel de conselheiro. Os casais também devem se comprometer a fazer com que o responsável principal pela disciplina em casa seja o pai ou mãe biológicos, até que o padrasto ou madrasta tenha a confiança total da criança – enquanto isso, é possível ajudar a monitorar as atividades dos enteados e servir para informar as mães e pais dos comportamentos positivos ou negativos das crianças.

Proximidade

Alguns casais acham que, ao assumirem um novo casamento, os filhos devem ser imediatamente aproximados da “nova parte da família”, mas deve-se levar em consideração o ajuste emocional necessário para que as crianças se acostumem com a nova condição.

Além disso, mais do que proximidade física – beijos e abraços – , filhos de casamentos diferentes que iniciam um convívio com novos pais preferem iniciar conversas e ouvir frases de apoio e motivação ou mesmo a demonstração de atenção, por parte dos padrastos e madastras, sobre suas atividades. Uma boa conversa, sem muito compromisso, pode ser o melhor caminho.

Pais que não moram juntos

Após uma separação, as crianças se ajustam melhor a nova situação quando os pais que se mudaram os visitam constantemente e mantêm boas relações.

Mas quando há um novo casamento esse contato diminui. Os pais, em especial, costumam interromper imediatamente a visita aos filhos após o casamento da ex-mulher. E quanto menos os pais e mães visitam, mais essas crianças se sentirão abandonadas. Pensar em atividades de convívio com os pais e mães biológicos que não moram em casa é muito importante para a manutenção do desenvolvimento emocional das crianças.

Outra ponto importante é evitar discussões com ex-maridos ou ex-mulheres em frente aos filhos, pois isso diminui a autoestima dessas crianças além de forçá-las a tomar partido entre um dos lados (sendo que elas amam incondicionalmente as duas partes), o que é péssimo para sua saúde mental dos pequenos.

Tempo de ajuste

Mesmo tentando controlar todos esses fatores, uma família precisa de algum tempo para ajustar todas as novas condições criadas por um novo casamento entre pais separados.

E não se engane. Na melhor das hipóteses, novos núcleos familiares que se formaram a partir de famílias diferentes levam em média até dois anos para se ajustarem a nova experiência de morarem juntos. Mas fique atento: se algo não está dando certo, é preciso consultar um psicólogo para que o processo seja o mais confortável possível para todos os envolvidos.

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da Redação

com informações da American Psychological Association


Suicídio: os sinais de quem não está bem


As taxas de suicídio entre os adolescentes têm crescido no mundo. Nos EUA, por exemplo, o suicídio é a terceira causa de morte de pessoas com idade entre 15 e 24, ultrapassando homicídios e acidentes. De acordo com Michelle Moskos do Centro Americano de Prevenção e Controle de Doenças, as causas do comportamento suicida são uma combinação de fatores psicológicos, ambientais e sociais.

Transtornos mentais são, de longe, o maior risco para o suicídio. Entre os fatores relacionados com saúde mental estão depressão, dependência de drogas e a combinação desses dois pontos com outros tipos de transtornos psiquiátricos.

Mais de 90% das pessoas que tentam suicídio possuem traços desses transtornos. Mas a combinação desses com circunstâncias externas (ambientais) parecem aumentar ainda mais os riscos para a população jovem e de adolescente, ou seja, aqueles que normalmente apresentam maiores dificuldades para lidar com mudanças no seu ambiente social, o que os tornam mais vulneráveis. Problemas disciplinares, perdas pessoais, violência familiar, confusão sobre orientação sexual, abuso sexual e físico e ser vítima do bullying estão entre alguns dos fatores que podem piorar o quadro psicológico desses indivíduos.

Apesar do suicídio parecer um evento raro e difícil de ser previsto, há alguns sinais claros que devem ser observados:

• Falar repentinamente sobre cometer suicídio. Parece algo óbvio, mas muitas pessoas parecem não se sensibilizar por esse sinal claro de que algo não vai bem com uma pessoa.

• Ter problemas para comer ou para dormir.

• Apresentar mudanças drásticas de comportamento.

• Se tornar recluso e evitar atividades sociais com amigos.

• Perder interesse na escola, no trabalho ou mesmo deixar algum hobbie de lado

• Fazer preparativos para a própria morte (como pesquisas sobre o próprio funeral ou escrever cartas de despedida).

• Começar a se desfazer de objetos pessoais, muitas vezes caros.

• Já ter tentado suicídio antes.

• Cometer riscos desnecessários no dia a dia.

• A pessoa passou por alguma perda recente (como morte de um ente querido ou amigo próximo).

• Parecer interessado por temas relativos a morte.

• Deixar de se preocupar com sua própria aparência.

• Aumentar o consumo de álcool e abuso de drogas.

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da Redação

com informações da American Psychological Association



Generosidade: boas ações são contagiosas

Para aqueles que se espantam com atos de vandalismo em zonas de desastres, como os que vemos na TV durante os terremotos no Haiti e no Chile, não perca a esperança na humanidade: atos de bondade – como a generosidade e a cooperação – se espalham tão facilmente quanto os atos de barbárie. E apenas alguns indivíduos fazendo a coisa certa, já é o suficiente.

No estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores da Universidade da Califórnia (UC) dizem ter conseguido uma evidência científica de que o comportamento cooperativo é contagioso e se reflete em pessoas ao redor. Quando as pessoas são alvo de uma “bondade” elas repassam adiante, ajudando outras pessoas que não estavam envolvidas no ato original. Isso, dizem os pesquisadores, criaria um movimento em cascata que se alastraria na rede social de cada uma das pessoas ajudadas de alguma forma. A pesquisa foi conduzida por James Fowler, da UC, e Nicholas Christakis, da Escola de Medicina de Harvard.

No atual estudo, Fowler e Christakis mostraram que, durante um jogo de laboratório, se uma pessoa recebia uma quantia de dinheiro como forma de ajudá-la a lidar com determinada situação, ela passava a cooperar com outras pessoas em futuros jogos. O dinheiro, no caso, é um objeto passível de ser mensurado e acompanhado durante o jogo, mas que poderia ser substituído por outros atos de generosidade.

O que foi observado foi uma espécie de efeito dominó, em que a generosidade de uma pessoa se propagava, inicialmente, para três pessoas, e na sequência atingia praticamente nove pessoas (considerando os jogos futuros) e isso continuava enquanto os experimentos foram repetidos. É bom pontuar que os participantes escolhidos não se conheciam previamente.

O efeito é persistente, explica Fowler: “Uma pessoa pode ser egoísta. Mas como resultado, observamos que as outras pessoas que haviam sido foco da generosidade anteriormente cobriam a falta dos indivíduos egoístas, cedendo mais de seu dinheiro”. “O dinheiro servia como um financiamento para a continuidade de outras pessoas no jogo”, observa Christakis.

“Achamos que esse efeito multiplicador pode ser menor ou maior no mundo real, em relação ao que observamos no laboratório”, diz Fowler. “Nós tivemos contato com experiências de generosidade vendo as reações praticamente imediatas das pessoas, mas isso não é observável em nossas interações sociais diárias.” Além disso, o jogo experimental eliminou os fatores ambientais e as questões ligadas à reputação.

“Nosso trabalho, que examina a função das relações sociais e suas origens genéticas, nos leva a concluir que há uma profunda relação entre as interações com a malha social que interagimos e a generosidade. Afinal, essa malha social é importante para o ser humano por conta de seus diversos benefícios à sobrevivência da espécie e esse ritmo de distribuição de generosidade – seja em forma de ideias, amor e cuidados – contribui para que ela se mantenha ativa”, teoriza Christakis.

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com informações da University of California


Pesquisador comenta alguns mitos em Psicologia

As pessoas adoram ler sobre Psicologia, mas a grande maioria das informações disponíveis e repercutidas na mídia nem sempre tem validade científica.


“Há um monte de informação, mas boa parte do que se vê por aí é bastante errônea”, diz Scott Lilienfeld, psicólogo e pesquisador da Universidade de Emory, nos EUA. Uma das mais populares teorias é aquela que diz que as pessoas usam apenas 10% do potencial do cérebro, apesar dos pesquisadores no mundo todo indicarem que os indivíduos usam boa parte do órgão mesmo para executar tarefas simples. Uma pesquisa de opinião americana chegou a constatar que 59% de pessoas com nível universitário acreditam nessa teoria.

“Existe até mesmo a possibilidade de ideias como essas serem comprovadas cientificamente”, diz Lilienfeld, “mas a maioria esbarra em erros já discutidos em diversos trabalhos científicos de altíssima qualidade.”

Alguns mitos que fazem parte do senso comum:

• “Somente pessoas deprimidas cometem suicídio.”

Uma pesquisa publicada em 2007 no periódico Current Opinion in Psychiatry (Vol. 20, Nº 1) diz que na verdade entre 13% e 41% das pessoas que cometem suicídio poderiam ter sido classificadas como depressivas. A variação nos números indica a falta de dados concretos dessa informação, pois muitas vezes se tem acesso apenas à descrição de terceiros sobre os atos anteriores da pessoa que cometeu suicídio.

O abuso de álcool e outras drogas, a esquizofrenia, transtorno do pânico, fobia social, transtornos da identidade de gênero e transtorno da personalidade borderline também podem levar ao pensamento e ao ato suicida. O indicativo desse tipo de problema, independentemente do diagnóstico para qualquer um dos transtornos citados acima, é a falta de esperança constante nesses indivíduos.

• “Úlceras são o reflexo de estresse.”

Mais de metade dos americanos que participaram de uma pesquisa em 1997 acreditava que o estresse era responsável pelo desenvolvimento de úlceras estomacais. “Sabe-se que as úlceras são causadas por uma bactéria chamada H.pylori. O estresse pode piorar esse quadro clínico, mas não causá-lo”, explica Lilienfeld.

• “Inteligência é genética.”

Essa é uma “pegadinha”, diz Lilienfeld. O problema com a afirmação passa por questões genéticas, que contribuem para determinadas características dos indivíduos, mas há um erro inerente nesse tipo de lógica: acreditar que os genes são os únicos responsáveis por um determinado traço de personalidade de algumas pessoas. Aliás, uma simples mudança no que se está procurando – formular uma questão sobre o que deve ser observado – pode mudar os resultados desse tipo de coleta de dados.

Tome como exemplo a variação do Q.I. (coeficiente de inteligência): se vivemos em uma sociedade perfeita em que todos têm acesso ao ensino de qualidade, poderíamos afirmar que uma determinada herança genética pode gerar indivíduos com inteligência acima da média sempre. Isso porque não há variáveis ambientais.

Um determinado indivíduo pode ter facilidade acima da média em matemática, mas nunca ser apresentado à matemática, por exemplo. “As pessoas acreditam que um traço genético seja necessariamente ativado, mas na verdade essa efetividade da herança genética pode esbarrar em variáveis sociais”, diz o pesquisador.

• “O único modo de tratar o alcoolismo é com a abstinência.”

Apesar de essa ser a base do programa de intervenção dos Alcoólicos Anônimos, o pesquisador aponta que outros tipos de estratégias que ensinam essas pessoas a beber socialmente e manter o controle podem ser efetivas. O resultado é de outra meta-análise feita em 1999 e publicada no periódico Journal of Counseling and Clinical Psychology (Vol. 67, Nº 4).

“Mas não é o tipo de estratégia que funciona com todos”, alerta Lilienfeld. “Pessoas com um longo histórico de abuso de bebidas alcoólicas e problemas psicológicos podem não conseguir atingir os objetivos desse tipo de intervenção.”

• “Olhar para as pessoas e traçar perfis criminais exatos que possam prevenir crimes, como nos filmes e séries de TV.”

Uma meta-análise – revisão de diversos trabalhos científicos com temas similares – feita em 2007 (publicada no periódico Criminal Justice and Behavior, Vol. 34, Nº 4) diz que a maioria das previsões de ações baseadas em perfis de criminosos feitos por psicólogos é tão efetiva quanto aquelas feitas por pessoas comuns, sem nenhum conhecimento de Psicologia.

Uma pessoa bem informada sobre um crime específico, razoavelmente inteligente e com acesso a dados demográficos pode fazer inferências sobre um suposto criminoso tão boas quanto a de profissionais forenses. “Um programa de computador bem afinado pode fazer o trabalho tão bem e mais rápido do que as pessoas encarregadas desse tipo de análise”, diz Lilienfeld.

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com informações da American Psychological Association

Nos dias atuais a psicologia utiliza-se de métodos mais científicos e objetivos para entender, explicar e predizer o comportamento humano. Os estudos psicológicos são altamente estruturados, começando com uma hipótese que é, então, empiricamente testada. A Psicologia tem duas áreas principais: psicologia acadêmica (focada no estudo de diferentes sub-tópicos da psicologia, incluindo personalidade, psicologia social, psicologia do desenvolvimento. Estes buscam expandir nosso conhecimento teórico) e psicologia aplicada (Foca no uso de diferentes princípios psicológicos para resolver problemas do mundo real. realiza pesquisa aplicada que busca soluções para os problemas diários). Exemplos de áreas da psicologia aplicada incluem psicologia forense, ergonomia e psicologia organizacional/industrial. Muitos outros psicólogos trabalham como terapeutas, ajudando as pessoas a superar problemas mentais, de comportamento e emocionais.

Métodos de Pesquisa em Psicologia

Ao passo em que a psicologia se distancia de suas raízes filosóficas, ela começa aplicar mais e mais os métodos científicos para estudar o comportamento humano. Atualmente, os pesquisadores aplicam uma variedade de métodos científicos, incluindo experimentos, estudos correlacionais, estudos longitudinais, e outros para testar, explica e predizer o comportamento.

Áreas da Psicologia

Psicologia Clínica-A Psicologia é um campo muito amplo e diversificado e com o passar do tempo vimos emergir diferentes sub-campos e especializações na área psicológica. Abaixo seguem as principais áreas de pesquisa e aplicação dentro da Psicologia.

Psicologia do Anormal - É o estudo do comportamento anormal e das psicopatologias. Aqui o principal foco é a pesquisa e o tratamento de uma ampla gama de distúrbios mentais e está ligada à psicoterapia e psicologia clínica. Os profissionais de saúde mental geralmente utilizam o CID-10 e o DSM-IV para diagnosticar distúrbios mentais.

Psicologia Biológica (Biopsicologia) - Estuda como os processos biológicos influenciam a mente e o comportamento. Esta área está fortemente ligada à neurociência e utiliza ferramentas como o MRI e PET scans para procurar por danos ou anomalias cerebrais. – Focada na avaliação, diagnóstico e tratamento de distúrbios mentais.

Psicologia Cognitiva - é o estudo do processo de pensamento e cognição. A psicologia cognitiva costuma estudar tópicos como atenção, memória, percepção, tomada de decisão, solução de problemas e aquisição da linguagem.

Psicologia Comparativa - ramo da psicologia relacionada ao estudo do comportamento animal. O estudo do comportamento animal pode levar a um entendimento mais amplo e profundo da psicologia humana.

Psicologia do Desenvolvimento - ramo da psicologia que pesquisa o desenvolvimento e progresso humano ao longo da vida. Suas teorias são focadas no desenvolvimento de habilidades cognitivas, morais, funções sociais, identidade e outras áreas relativas a vida.

Psicologia Forense - é um campo aplicado no uso das pesquisas e princípios da psicologia no sistema legal e criminal de justiça.

Psicologia Industrial-Organizacional - é a área da psicologia que usa pesquisa psicológica para aumentar o desempenho no trabalho, selecionar empregados, melhorar o design de produtos e melhorar a usabilidade, entre outros.

Psicologia da personalidade - pesquisa os vários elementos que formam a personalidade individual. As mais conhecidas teorias da personalidade incluem o modelo estrutural de personalidade Freudiano e o modelo dos cinco grande tipos (Big Five).

Psicologia Escolar - ramo da psicologia que trabalho dentro do sistema educacional para ajudar crianças com problemas emocionais, sociais ou acadêmicos.

Psicologia Social - é uma disciplina que use métodos científicos para estudar a influencia, percepção e interação social. A Psicologia social estuda diversos assuntos incluindo comportamento de grupo, percepção social, liderança, comportamento não-verbal, conformidade, agressão e preconceito.

William James nasceu em Nova York em 1842, e faleceu em 1910, em sua casa de campo na cidade americana de Chocoronua.

Entre 1865 e 1866, aos 23 anos, acompanhou o naturalista Louis Agassiz na Expedição Thayer ao Brasil. Nos oito meses de estadia no país, passados principalmente no Rio de Janeiro e na Amazônia, James rascunhou um diário, e produziu desenhos de cenas da expedição, que expressam uma consciência crítica e um distanciamento moral da idéia colonialista que norteava a norteava.

Depois seguiu para a Alemanha e estudou filosofia na Universidade de Berlim, entre 1867 e 1868. No ano seguinte, conseguiu a graduação em medicina em Harvard, tornando-se professor de fisiologia e anatomia a partir de 1873, e depois, de psicologia e filosofia, na mesma universidade. Como filósofo, foi responsável por aquela que é considerada a maior contribuição americana à filosofia: o pragmatismo.

É possível dividir a obra de William James em dois momentos: um psicológico (que vai da década de 1870 à de 1890) e outro filosófico (a partir de 1890)

O primeiro período tem como marco inicial a criação de um pequeno laboratório de psicologia em 1875 na Universidade de Harvard; e o seu primeiro curso de psicologia, sobre “As relações entre a fisiologia e a psicologia”.

Nesse período o ponto culminante de sua produção teórica é a publicação, em 1890, após 12 anos de elaboração minuciosa, de O Principio de Psicologia. Nesse tratado (com mais de mil páginas) encontram-se as principais idéias de James sobre tópicos tais como o “hábito”, “atenção”, “fluxo de pensamento” e “self”.

James interroga os limites daquilo que é chamado de “self”, “eu”, “ego” (não faz distinção conceitual entre os termos), em oposição ao mundo circundante. Para James, o “eu” é apenas “o nome de uma posição”; uma espécie de perspectiva individual privilegiada a partir da qual o mundo é medido em suas distâncias. E ele concebe tais distancias em função das ações individuais sobre o ambiente. A consciência implica um tipo de relação externa; não é um tipo especial de substância ou de modo de ser.

James constrói uma noção de “eu” caracterizada por certa fluidez: sem limites estabelecidos previamente e com as referências básicas de tempo e espaço definidas em função de suas ações sobre o ambiente. (Ferreira e Gutman, 2005).

Em The Principles of Psychologie, James (1890) diz que a consciência não se apresenta para ela mesma, cortada em pequenos pedaços. Palavras tais como “cadeia” ou “sucessão” não a descrevem adequadamente, tal qual ela se apresenta em primeira instância. Ela não é algo agregado; ela flui. Um “rio” ou um “fluxo” são as metáforas pelas quais ela é mais naturalmente descrita.

A consciência teria como propriedades básicas: a pessoalidade; o seu aspecto mutante; a continuidade; a referência aos objetos; o seu aspecto seletivo.

Sobre “hábito” há três tópicos principais: primeiro o destaque dado a sua base física ou neurofisiológica e sua participação tanto nos limites do aprendizado de novos hábitos como a modificação de hábitos antigos; segundo, a apresentação do hábito como uma versão possível das ações adaptativas de um organismo em referência a um meio; terceiro, a possibilidade de alteração dos hábitos pela ação voluntária e os efeitos éticos-morais a ela correspondentes.. (Ferreira e Gutman, 2005).

James diz que o hábito adquirido, do ponto de vista fisiológico, é nada mais do que uma nova via de descarga formada no cérebro pela qual, desde então, certas correntes aferentes tendem a seguir. Ele revela a posição darwiniana ao destacar a utilidade adaptativa do hábito; e a importância para um organismo da aquisição e manutenção da habilidade, ou capacidade de fazer a atenção consciente repousar. Deixando a cargo do habito toda uma série de atividades mais ou menos cotidianas ou banais, embora fundamentais à manutenção da vida diária, o organismo reserva à vida mental, plenamente consciente, outras tarefas e esforços.

Ferreira e Gutman (2005) destacam que os conceitos de self, fluxo de pensamento e hábito fornecem indicações teóricas suficientes para a sustentação da importância de James para o funcionalismo. Na obra de James o foco está sempre colocado sobre a função e não sobre as supostas “propriedades” de um organismo dotado de psiquismo. Em sua perspectiva, o que o organismo é ou deixa de ser, decorre das funções que exerce e das interações com um dado ambiente.

O pragmatismo de William James

Para James o pragmatismo seria primeiramente um método, e em segundo lugar, uma teoria genética do que se entende por verdade. Em seu primeiro sentido significa a atitude de olhar além das primeiras coisas, dos princípios, das “categorias”, das supostas necessidades; e de se procurar pelas últimas coisas, frutos, consequências, fatos. O pragmatismo atuaria de forma a extrair de cada palavra o seu valor de compra prático, pô-la a trabalhar dentro da corrente da experiência. Desdobra-se como um programa para mais trabalho, e mais particularmente como uma indicação dos caminhos pelos quais as realidades existentes podem ser modificadas. As teorias tornam-se instrumentos e não respostas aos enigmas, sobre os quais se pode descansar.

William James creditou a origem do termo pragmatismo a Charles Peirce (1839-1914). Mas para Peirce o pragmatismo visava apenas extrair as “regras de conduta”, ou ações presentes nos diversos conceitos. Sendo assim, a primeira forma do pragmatismo estava ligada à noção de verdade como consenso último de todos os preocupados na busca da verdade. A realidade, portanto, seria o objeto resultante dessa opinião partilhada. Para James, representava o estudo das modificações na experiência trazidas pelas teorias, em especial as metafísicas e religiosas.

Da perspectiva de James, as teorias filosóficas serviriam como meio de orientar a pesquisa para os seus resultados finais e não para os seus princípios. Desse modo, também as teologias seriam passíveis de ser consideradas verdadeiras. O critério de verdade pragmático seria aquele que permite adaptar o que se tem por verdadeiro com cada aspecto da existência, em relação com todas as outras experiências vividas, formando um todo orgânico. Assim, as diversas crenças que compõem a mente de uma pessoa teriam reduzidas suas divergências, a ponto de se aproximarem ciência e religião, nos casos mais extremos. “O pragmatismo de James, em sua característica funcionalista, tornava a função de verdade subjetiva e sua justificação da religião voltada à satisfação pessoal de cada um.” (Silva, 2008).

(...) Se as idéias teológicas provam que têm valor para a vida concreta, são verdadeiras, pois o pragmatismo as aceita, no sentido de serem boas para tanto. O quanto serão verdadeiras, dependerá inteiramente de suas relações com as demais verdades, que têm também, de ser reconhecidas (JAMES, W. Pragmatismo, II conferência, p. 44-45).
Ainda que o objeto da psicologia se assemelhe bastante ao da psicologia alemã, a experiência passa a ser vista a partir de uma nova questão (a adaptação), através de métodos diversificados que fogem da introspecção controlada.
A psicologia funcionalista surge nos Estados Unidos em oposição à psicologia titcheneriana. É representada por autores como J. Dewey, (1859), J. Angel (1869-1949) e H. A. Carr (1873-1954).

Os princípios funcionalistas se converteram em escolas no final do século XIX, e justamente em duas das mais novas universidades americanas: Chicago e Columbia. Nessas escolas marca-se o que se pode designar como orientação funcionalista propriamente dita. A escola de Chicago com Dewey, Angell e Carr e a de Columbia com Thorndike e Woodworth.

Angell coloca em chegue qualquer possibilidade de uma psicologia estruturada em elementos mentais. O aspecto estrutural do psiquismo deve ser buscado não nos seus supostos elementos, mas nas funções, atos ou processos mentais. A psicologia deve reconhecer em sua analise estrutural não os elementos como sensações, sentimentos, mas atos como julgar, perceber, recordar. Para Angell a psicologia se torna mais funcional do que a biologia, pois não apenas o funcional precede e produz o estrutural, como também ambos representam duas faces de um mesmo fato.

A escola de Columbia toma a adaptação em sentido mais comportamental e ancorado em aspectos motivacionais. Thorndike, em seus experimentos sobre a inteligência animal, não supõe mais a solução dos problemas como governada por uma consciência selecionadora de respostas, mas um conjunto casual de respostas que são selecionadas por seus efeitos de satisfação. Esta é sua clássica Lei do Efeito. Ao substituir a consciência pelo acaso, não apenas adequa o seu modelo ao darwinismo, como abre caminho para o behaviorismo. “Aqui o ajuste do organismo ao meio se realiza através de um conjunto de mecanismos casuais, mecânicos e possíveis de controle, concedendo, portanto, plenos poderes aos psicólogos, enquanto engenheiros da conduta.” (Ferreira e Gutman, 2005, pág. 136).

Os psicólogos funcionalistas definem a psicologia como uma ciência biológica interessada em estudar os processos, operações e atos psíquicos (mentais) como formas de interação adaptativa. Partem do pressuposto da biologia evolutiva, segundo o qual os seres vivos sobrevivem se têm as características orgânicas e comportamentais adequadas a sua adaptação ao ambiente.

Consideram as operações e processos mentais (como a capacidade de sentir, pensar, decidir, etc.) o verdadeiro objeto da psicologia, e o estudo desse objeto exige uma diversidade de métodos. Não excluem a auto-observação, embora não aprovem a introspecção experimental no estilo titcheneriano, porque esta seria muito artificial. Não confiam totalmente na auto-observação, dadas as suas dificuldades científicas: é impossível conferir publicamente se uma auto-observação foi bem feita e, por isso, é difícil chegar a um acordo baseado em observações desse tipo.

Considerando a adaptação como a função última da consciência, então serão as funções e não os elementos mentais que devem ser alvo de investigação. Figueiredo e Santi (2004) destacam que apesar do movimento funcionalista como um movimento à parte e independente ter se dissolvido, várias das idéias fundamentais dessa escola estão presentes em muito do que se faz até hoje no campo da pesquisa psicológica.

“Na verdade, a maior parte do que se produziu e se produz no campo da psicologia, entendida como ciência natural, pode ser interpretada como diferentes versões do pensamento funcional.” (Figueiredo e Santi, 2004, pág. 65).

Na abordagem funcionalista a adaptação não se refere a um processo filogenético, mas antes de tudo, ontogenético, ligado à adaptação individual. O conceito de adaptação deixa de expressar uma relação de sobrevivência em um meio, e passa a significar uma “melhor vivência neste”, tornando-se, pois, um conceito qualitativo. Essa melhor vivência, esse equilíbrio, não se refere apenas a um meio físico, mas antes de tudo, a um meio social. Estar adaptado é antes de tudo estar ajustado às demandas do meio social, sejam elas quais forem.

Ferreira e Gutman (2005) relatam que a necessidade de estar conforme ao meio social justifica-se pela extrapolação de um conceito biológico a um significado social. É confiando no valor deste conceito que os psicólogos em sua prática zelarão pelo “equilíbrio social”. E a psicologia funcional não se interessa apenas pelo estudo da adaptação. Ela deseja igualmente se transformar em um instrumento de adaptação, promovendo-a. E isto ocorre graças à postura pragmatista, na qual o valor de um conhecimento está calcado em suas consequências práticas.

E desta forma o conhecimento psicológico deve se mostrar vital. Só que a utilidade buscada não diz respeito ao indivíduo, mas à sociedade como um todo. O meio social não é apenas regulador, mas também finalidade da adaptação. A adaptação psicológica visa ajustar a sociedade a si própria, através do manejo dos indivíduos, especialmente os desadaptados.

“O psicólogo entra nesse contexto como um engenheiro social da utilidade, buscando promover à moda UTILITARISTA, o maior bem possível. Transforma-se assim a utilidade individual em patrimônio social.” (Ferreira e Gutman, 2004, pág. 137)

Os pais intelectuais da psicologia foram, sem dúvidas, a filosofia e a fisiologia. Apesar do interesse comum pelas questões relacionadas a interação mente-corpo, sensação-percepção, cada uma destas ciências tinha interesse muito voltado para sua respectiva área. Foi então que o alemão Wilhelm Wundt mudou este ponto, tornando a psicologia uma disciplina independente.

O período foi extremamente favorável, Wundt foi o homem certo no lugar certo: as universidades alemãs se encontravam em um período de expansão e haviam subsídios disponíveis para novas disciplinas, além do mais, o clima intelectual era bastante favorável à abordagem que Wundt advogavam suas propostas foram bem recebidas pela comunidade acadêmica e em 1879 houve a criação do primeiro laboratório formal para pesquisa em psicologia na Universidade de Leipzig. E então em 1881 Wundt lançou o primeiro jornal voltado à publicação de pesquisas em psicologia.

Wundt é o fundador porque ele casou a fisiologia com a filosofia e fez seu resultado (filho) independente. Ele trouxe os métodos empíricos da fisiologia para as questões da filosofia” (LEAHEY, Tomas - 1987, p 182)

A concepção de psicologia de Wundt dominou o campo por duas décadas e influenciou muitas outras. Mas e qual era o objeto de estudo desta nova ciência? Para Wundt este objeto era o ‘Consciente’, a consciência da experiência imediata.

Wundt então pesquisou incansavelmente por métodos tão científicos quanto os das ciências naturais para estudar a ‘experiência consciente’. E este trabalho duro, aliado a suas idéias provocantes logo lhe renderam seguidores, jovens estudantes interessados nas suas pesquisas.

Muito dos estudantes de Wundt criaram seus próprios laboratórios de psicologia e atraíram estudantes. Um dos estudantes de Wundt, G. Stanley Hall, foi particularmente importante para o rápido desenvolvimento da psicologia na América. Foi o primeiro na América, fundou o primeiro laboratório de pesquisa em psicologia na Universidade Johns Hopkins (1883), em 1891 ele lançou o primeiro jornal Americano de psicologia e em 1892 ajudou a fundar a APA - Associação Americana de Psicologia, sendo seu primeiro presidente.

No sentido etimológico, a,psicologia seria a ciência da alma ou o estudo da alma. Teles (2003) define a psicologia como a ciência que busca compreender o homem e seu comportamento, para facilitar a convivência consigo próprio e com os o outro. “Pretende-se fornecer subsídios para que ele saiba lidar consigo e com as experiências de vida.” (pág. 9). Como destaca Figueiredo (2005) psicologia não existe no singular. O que há são inúmeras maneiras de conceber o campo do “psicológico” e outras tantas maneiras de se inserir nesse campo, intervindo nele, praticando “psicologia”.

Entre as maneiras de pensar o “psicológico” há mesmo quem pretenda descartar-se desta denominação e dar preferência a outros conceitos, como “conduta” ou “comportamento” entre os que se situam no campo do psicológico, há também os que pretendem fazer outra coisa que não “psicologia” como, por exemplo, “psicanálise”.

A psicologia é um conjunto de diversos domínios. Alguns psicólogos realizam pesquisa básica, alguns fazem pesquisa aplicada, e alguns prestam serviços profissionais. “A psicologia se desenvolveu a partir da biologia e da filosofia, com o objetivo de se tornar uma ciência que descreve como pensamos, sentimos e agimos.” (Myers, 1999, pág. 1). Em psicologia não há um acordo na metodologia, e não há uma terminologia comum; existe uma diversidade enorme de orientações teórico-metológicas.

O objeto de estudo da psicologia tem variado ao longo do tempo e sua pré-história confunde-se com a própria historia da filosofia. Antes de 300 a.C., o filósofo grego Aristóteles teorizou sobre temas como aprendizagem e memória, motivação e emoção, percepção e personalidade.

Para que se tenha noção da extensão do campo da Psicologia, eis algumas questões, apontadas por Teles (2003), que lhe são pertinentes:

  • Como aprendemos?
  • Como se dá o desenvolvimento físico, motor, emocional, social, intelectual da criança?
  • O que é a crise da adolescência?
  • Que fatores influem no desenvolvimento?
  • Que são emoções? Elas são inatas ou adquiridas?
  • Por que nos lembramos e esquecemos?
  • Como se desenvolve o pensamento?
  • Qual a ligação entre pensamento e linguagem?
  • Como se dá a resolução de problemas?
  • Qual a influência do grupo sobre os indivíduos?
  • Como se desenvolve a personalidade?
  • Como se dá percepção?
  • Quais são os fatores responsáveis pelos diversos tipos de retardamento mental?
  • O que motiva o comportamento?
  • Como explicar as diferenças individuais?
  • Quais as causas dos desvios de comportamento?
  • Como atuar sobre o desajustamento?
  • Qual a influência dos valores e das atitudes na percepção dos indivíduos?
  • Como estimular a criatividade das pessoas?

Segundo Campos (1996), a história da ciência psicológica vem mostrando que a atuação do psicólogo jamais é neutra e responde a demandas que se inscrevem em um contexto político, econômico, social e cultural, estando sujeita a suas especificidades.

O homem é um animal essencialmente diferente de todos os outros. Não apenas porque raciocina, fala, ri, chora, opõe o polegar, cria, faz cultura, tem autoconsciência, e consciência de morte. É também diferente porque o meio social é seu meio específico. Ele deverá conviver com outros homens, numa sociedade que já encontra, ao nascer dotada de uma complexidade de valores, filosofias, religiões, línguas, tecnologias. (Telles, 2003, pág. 19).

Zanella (1999) demarca que a diversidade e complexidade da atuação do psicólogo (afinal, são tantas as chamadas áreas de atuação: escolar, organizacional, do esporte, clínica, jurídica, comunitária, etc.), tem revelado cada vez mais inadequada a discussão sobre essas áreas de atuação tal qual vinha acontecendo, isto é, como áreas estanques, separadas, com arcabouço técnico e teórico delimitado. A autora defende que o local de atuação é demarcado, mas a atuação profissional deverá ser necessariamente múltipla, posto que, é assim que se caracteriza a realidade.

Não é o lugar que define a postura de um profissional – embora nem todos pensem assim – é antes a capacidade de refletir criticamente sobre teorias, métodos e práticas, avaliando resultados e pensando a acerca das necessidades do país em que nos encontramos. (Eizirik, 1988, pág. 33)

Só em uma época muito recente, surgiu o conceito de ciência tal como hoje é de uso corrente, e só a partir da segunda metade do século XIX surgiram homens que pretendiam reservar aos estudos psicológicos um território próprio, cujo êxito se fez notar pelos discípulos e espaços conquistados nas instituições de ensino universitário e de pesquisa. Só então passou a existir a figura do psicólogo e passaram a ser criadas as instituições voltadas para a produção e transmissão de conhecimento psicológico. (Figueiredo e Santi, 2004)

Para Teles (2003) acreditar que a psicologia deva ser ciência nos moldes daquelas que se baseiam principalmente no método experimental, seria empobrecê-la por demais. O ser humano tem reflexos, necessidades, impulsos, mas não instintos. A aprendizagem, que significa mudança de comportamento como resultado da experiência, será básica em todo o processo humano de ajustamento. “Ajustar-se significa aprender formas de comportamento que permitam ao indivíduo adaptar-se às exigências internas e externas que lhe são impostas.” (Telles, 2003, pág. 22)

Todos os grandes sistemas filosóficos desde a Antiguidade incluíam noções e conceitos relacionados ao que hoje faz parte do domínio da psicologia científica, como o comportamento, o espírito ou a alma do homem. Na Idade Moderna, físicos, anatomistas, médicos e fisiólogos trataram de diversos aspectos do comportamento involuntário e mesmo de comportamentos voluntários do homem. No século XIX começou a se constituir as ciências da sociedade, como a Economia, a Política, a História, a Antropologia, a Sociologia e a Lingüística. Essas ciências tratavam das ações humanas e de suas obras. Quando Gomide (1984) analisa a formação acadêmica em psicologia e suas deficiências, conclui que"não estamos formando profissionais capazes de construir a psicologia, mas apenas de repeti-la pois o estudante apenas aprende técnicas e busca o cliente para aplicá-las" (p. 74).

A reversão desse quadro requer que se eleja como princípio da formação profissional não só ensinar as técnicas, mas também discutir, criticar e analisar o porquê de elas se desenvolverem, em que época surgiram, para que propósitos serviram ou servem, ou seja, buscar retomar com o aluno o processo de desenvolvimento histórico da ciência com a qual vai trabalhar. A história como forma de apropriação do senso crítico.

A profissão de psicólogo esteve inicialmente ligada aos problemas de educação e trabalho. O psicólogo “aplicava testes”: para selecionar o “funcionário certo” para o “lugar certo”, para classificar o escolar em uma turma que lhe fosse adequada, para treinar o operário, para programar a aprendizagem, etc. Todas essas funções ainda são importantes na definição da identidade profissional do psicólogo; mas hoje, quando se fala em psicólogo, o leigo logo pensa no psicólogo clínico, e quem se decide a estudar psicologia quase sempre é com a intenção de se tornar um clínico. Embora durante muitos anos essa especialização nem existisse legalmente, atualmente é a principal identidade do psicólogo aplicado. (Figueiredo e Santi, 2004)

É cada vez mais freqüente que as teorias psicológicas se popularizem e sejam assimiladas pelo linguajar popular e que cada vez mais pensem a cerca de si e dos outros com termos emprestados das escolas psicológicas. E a psicologia popularizada, segundo Figueiredo e Santi (2004) tem servido para sustentar a palavra de ordem ‘cada um na sua, pensando os seus problemas e defendendo os seus interesses e a sua felicidade.’

Ao serem incorporadas à vida cotidiana de algumas camadas da população, “as psicologias” convertem-se quase sempre numa visão de mundo altamente subjetivista e individualista. Com isso, queremos dizer que mesmo as teorias psicológicas que não se restringem à experiência imediata da subjetividade individualizada, como a psicanálise, ao serem assimiladas pela sociedade, têm se tornado uma forma de manter a ilusão da liberdade e da singularidade de cada um, em vez de compreender e explicar o que há de ilusório nessas idéias. É assim que a psicologização da vida quotidiana tem nos levado a pensar o mundo social e a nós mesmos a partir de uma visão bem pouco crítica. (...) Certamente a tendência que tem mais crescido e aumentado seu mercado recentemente é a das “terapias de auto ajuda“. Numa mistura de concepções do senso comum ou baseadas em teorias psicológicas, em pressupostos humanistas sobre a liberdade do homem e num estilo de administração empresarial nitidamente comportamentalista, esse discurso (que soa como o de um pastor protestante americano, e isto é mais do que uma coincidência) prega um paradoxal reforçamento do “eu” com sua submissão a um conjunto de regras de gerenciamento da própria vida. (Figueiredo e Santi, 2004, pág. 87-88).

A psicologia não é apenas a ciência do bem-estar, tendo como ponto de referência uma sociedade bem comportada. Se a psicologia usa como parâmetros de normalidade e de ajustamento os valores da classe dominante, então ela é, também, um veículo ideológico.


Resiliência: a pedra fundamental para enfrentar os problemas da vida


Emprestado da Física, o termo resiliência indica – em seu significado original – o nível de resistência de um material às pressões sofridas. No campo da Psicologia, o termo diz respeito ao modo como as pessoas respondem às frustrações diárias, em todos os níveis. Cada pessoa constrói, naturalmente, uma resiliência para lidar com esses problemas. As estratégias são aprendidas de diversas formas e não há um modelo ideal.
Mas é possível exercitar e aprender novas estratégias de resiliência, um sentimento que, de certa forma, é responsável pela sobrevivência da nossa espécie: cada indivíduo é naturalmente capaz de transpor os obstáculos que nos separam do que nos faz ficar em paz – e que alguns chamam de felicidade, um termo que beira à utopia muitas vezes.

“A resiliência nos ajuda a encontrar a liberdade, longe dos grilhões que outras pessoas, ou a sociedade, nos impõem. Mas é bom lembrar que ‘se libertar’ não quer dizer ‘fugir’, mas ‘fluir’. E esse fluir, de forma ideal, não é um sentimento de agressividade, mas que deve ajudar a construir algo positivo, sem impor às outras pessoas nossas vontades”, explica Elko Perissinotti, coordenador geral do Grupo Aberto de Resiliência do Hospital Dia do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP).

O especialista também afirma que a resiliência não deve ser vista como sinônimo de egoísmo, um sentimento que é necessário em certa quantidade, mas que em excesso sufoca a liberdade de outros indivíduos. “Viver do jeito que se quer é algo que necessita de muita elaboração: é saber desviar a energia destrutiva, comum ao nosso lado animal, para elaborar modelos construtivos que nos ajudem a transpor os obstáculos da vida”, diz.
Resiliência, explica Perissinotti, é reflexo do nível de empatia, altruísmo e capacidade ampla de amar do indivíduo. “É preciso se pôr no lugar dos outros para entendê-los. Sem essa capacidade de fantasiar não há desenvolvimento pessoal”, diz o pesquisador. Mas a fantasia não é delírio, ele alerta.

“O delírio é destrutivo. Veja, por exemplo, quantas pessoas deliram com o mito da ‘felicidade plena’ – que inunda as sessões de autoajuda em qualquer livraria – e destroem os pequenos momentos de felicidade e paz de espírito. E pior: destroem as pessoas ao redor, num sentimento egoísta intenso e na ilusão de que é possível viver uma felicidade solitária, sem os outros para complementá-los”, explica.

A resiliência, diz Perissinotti, nos ajuda a compreender isso: que a vida é um misto de coisas boas e coisas ruins. E nas horas ruins é preciso aprender a contornar os problemas – vencendo ou sendo vencido, mas não negando a existência – e continuando a viver, respondendo como adultos (mais resilientes) e não como crianças (naturalmente menos resilientes e mais egoístas, centradas em si).

A seguir, Elko Perissinotti, em entrevista , faz uma ampla explanação sobre a resiliência, termo que vem se tornando lugar-comum e perdendo a profundidade em discussões cada vez mais focadas no imediatismo e na ânsia que algumas pessoas têm em encontrar certo tipo de felicidade.

1. Em qual fase da vida a resiliência se desenvolve?

A resiliência nunca é um processo estático, está sempre em desenvolvimento dinâmico, um constructo que necessita ser analisado pelo seu viés filogenético (nossos ancestrais da escalada evolucionista) e ontogenético (desde a formação do feto, na gravidez). Portanto, é na infância que se instalam nossos potenciais resilientes latentes e que começam a se desenvolver ou não.

A composição da genética com os vínculos microssociais (família) constitui o primeiro passo na estruturação e desenvolvimento de nossa personalidade. Participam também dessa composição a escolinha que a criança frequenta, os amigos e vizinhos, a ordem social e econômica vigente em sua cidade, Estado, país e planeta. Esses potenciais resilientes podem ir se desenvolvendo num gradual crescente de habilidades contra o excessivo sofrimento e vulnerabilidade da condição humana ou podem se “atrofiar” e mesmo se extinguir.

Nada impede, porém, que o sujeito adulto, cujo potencial resiliente permaneceu latente – traumas, ausência de attachment (apego, bem-querer) –, queira desenvolvê-lo. Mas aí, necessitaria de supervisão ou treinamento ou um tipo de psicoterapia centrada na resiliência. Normalmente isso tem ficado sob os cuidados de psicólogos, psicoterapeutas e psicanalistas, mas não somente.

E isso implica, obrigatoriamente, mudanças de hábitos de vida, das relações humanas, do modo de pensar a vida e a existência, de uma revisão de direitos e deveres, de ataque e de defesa, enfim, uma madura e, sobretudo, corajosa forma de ser e de estar no mundo.

2. É o apoio ou a presença de pessoas próximas que contribui para a construção da resiliência? Qual a importância da família no processo?

Na primeira questão, falamos um pouco disso, mas, convém ressaltar, é o círculo familiar (pai e mãe) e o círculo de amizades (crianças e adultos) que serão o farol norteador para o desenvolvimento de habilidades de avaliação, enfrentamento, superação e adaptação inteligente diante das constantes adversidades endógenas e exógenas de nosso cotidiano, como talvez dissesse o eminente psiquiatra francês Boris Cyrulnik.

Amor, carinho,afeto, bem-querer e convivência direcionados para a liberdade, a independência e o crescimento pessoal (em oposição a um estilo de vida gradualmente dependente, autodestrutivo e infeliz para si e para os que consigo convivem) são circunstâncias decisivas no desenvolvimento do sujeito resiliente.

Muito se fala em pais e mães divorciados como se isso fosse um entrave. O que realmente importa é que esses pais não sejam inimigos; não deveriam ser, mas são, e isso é, de fato, um agravante de dimensões devastadoras. Certamente, esses casais nada sabem de resiliência, de liberdade, de felicidade (cuja plenitude simplesmente não existe para ninguém), de amor e desenvolvimento sadio dos filhos. Há uma questão de Educação e Cultura fundamental nisso tudo.

A virulência não está no divórcio, mas sim no rancor, na raiva, no ciúme, na inveja e nas projeções neuróticas descarregadas nos filhos. O psicanalista Jacques Lecomte diria que falta Elo (nas pessoas), Sentido (na vida) e Lei Simbólica (regras e limites, também para os adultos).

3. É possível desenvolvê-la na vida adulta?

Sim, como já foi dito, por meio de supervisão ou treinamento ou psicoterapia centrada em resiliência, a não ser que um alto grau de “atrofia” implicou extinção de potencial, e a vida do sujeito passa a ser muito semelhante à dos psicopatas (frieza afetiva e ausência de sentimentos de culpa), envolvendo muito sofrimento (às vezes, inconsciente) a si próprio e às pessoas de sua convivência.

4. Como as pessoas resilientes veem os problemas da vida? Elas se deixam vitimizar?

Ser resiliente é, sobretudo, tornar-se Sujeito de (e à) sua própria vida. É tornar-se pessoa. Nunca é sinônimo de invulnerabilidade, de pessoa superior, de politicamente correto, de “carneirinhos” vitimizados frente à malandragem e aos furiosos da vida, de resignados e covardes.

O resiliente é uma pessoa como qualquer outra, mas que procurou desenvolver sua habilidade e capacidade de amar, de trabalhar, de sublimar, de suportar as inúmeras diferenças entre as pessoas, de tolerância às frustrações, de compaixão, de empatia, de altruísmo, de busca da felicidade (mesmo sabendo que ela quase não existe), da independência e da liberdade pessoal e, acima de tudo, a sabedoria de não recuar em seus desejos, como sujeito desejante, durante toda a sua existência (e assim, ciente dos constantes riscos de enfrentamento de frustrações). Enfim, o resiliente também sofre com o peso da vida, a dor da alma e o mal-estar na civilização (Freud concordaria).

5. Como elas enfrentam o lado negativo das situações e das pessoas?

Convém lembrar que toda situação e toda pessoa tem o seu lado/momento negativo e o lado/momento positivo. O resiliente também, mas sabe disso! E por saber, busca orientação, apoio, “ombro amigo”, entendimento, proteção, estabilidade emocional para melhor avaliar uma crise (momento negativo) e sustentação mútua com seu interlocutor (que também é uma pessoa “de carne e osso”). Creio que Froma Walsh, da Universidade de Chicago, que fala disso quanto à organização empresarial, mutatis mutandis, não iria discordar.

Pelo fato de saber desta condição humana de lado/momento negativo da outra pessoa, o resiliente, não tendo cartilhas de intervenção em situações angustiantes ou de crise, agirá naturalmente com as características que possui, ou seja, com empatia, altruísmo, solidariedade, utilizando sempre o sábio provérbio de não fornecer o peixe, e sim ensinar a pescar.

Não vai fazer adjetivações (você não se esforça; o erro está em você) e nem condená-lo ao cadafalso com conceituações bizarras e grotescas sobre o certo, o errado e as verdades da vida. O resiliente se permite, sem culpas, postar-se ao lado ou afastar-se de certas situações ou pessoas negativas. Sempre é bom citarmos o psiquiatra britânico Michael Rutter, pioneiro da resiliência no campo psicossocial, quando frisa que podemos ser resilientes em inúmeras situações, mas não em todas.

6. As pessoas resilientes são mais egoístas? Como elas lidam com o coletivo e ao mesmo tempo conseguem ser independentes?

Somos todos egoístas… Sem exceções! (risos) Mesmo parecendo irônico ou ingênuo, o fato é que o egoísmo resiliente trará menores danos a seu concorrente. Então convém aprendermos mais sobre a natureza humana. E podemos começar com Freud, Teilhard de Chardin, Bertrand Russell e Boris Cyrulnik.

Coletividade e independência não se opõem; ambas mutuamente se constroem (ou se destroem) e estabelecem limites e regras, e isso é bom, mesmo que à custa de certo mal-estar civilizatório. Independência e liberdade totais não existem, e se existissem seriam extremamente devastadoras, com riscos à continuidade da espécie humana, daí a existência castradora e necessária da coletividade. O instinto (pulsão) da sobrevivência, portanto, é energia prima, ditatorial e imperativa.

O resiliente sabe disso, portanto, sabe de suas virtudes e de seus pecados. Mas sabe, também, das armadilhas do inimigo oculto e que se disfarça: o proprietário indébito e promotor de verdades absolutas atemporais. Em síntese, no coletivo – e temos de saber lidar muito bem com isso – ora poderemos ser colocados no lugar de algoz, ora no lugar de vítima, e uma nociva ambiguidade dependerá um pouco do regime da microcivilização onde você está inserido. “Jogo de cintura” talvez seja uma boa palavra de ordem.

7. A noção de projeto – projetar seu futuro, seus anseios – contribui para essa solução de problemas de forma resiliente?

Sim. Já dissemos sobre o sujeito desejante e a imperiosidade de continuar desejante, como sinônimo de Vida, posto que o desejo realizado e em si encerrado nos faz pensar no gozo lacaniano, que poderíamos extrapolar para um sinalizador de “fim de linha”, “estado terminal” ou, mais ainda, Fim (The End), de fato.

Jacques Lecomte, falando sobre resiliência, se refere a essa questão de projetos e anseios, quando considera fundamental a busca (criação) de um sentido singular para as coisas, as situações e a vida, sendo imprescindível encontrá-lo (criá-lo), e assim, “keep walking” (risos). Não há saída: sem esse sentido das coisas, permanecemos inertes, inaptos, ineptos, inseguros, impulsivos, compulsivos, pueris, agressivos, possessivos, ciumentos, invejosos, nocivos e maldosos; e nada mais de bom ou de bem.


Especialista dá o caminho das pedras para você mudar suas atitudes e se concentrar em mudar sua vida. Para melhor, claro!


1. Aprenda a perder

A vida é feita de escolhas. Sempre há, no mínimo, duas opções em uma situação. Mesmo que ambas sejam ruins, uma delas é a menos pior. Assuma-a!

2. Identifique seus objetivos na vida

Descubra o que quer alcançar em cada área de sua vida (profissional, amorosa, familiar, etc.) e trace metas possíveis para atingi-las.

3. Avalie e reavalie periodicamente suas expectativas

Tanto em relação a si mesmo quanto aos outros. Lembre-se: tudo na vida tem um tempo certo para você e, também, para todos aqueles que estão ao seu redor.

4. Aprenda a aceitar e fazer elogios

Não desconte seus pontos positivos. Ser modesto ou humilde não são sinônimos de se desmerecer.

5. Aprenda a dizer “não” sem culpa

É importante colocarmos limites aos outros e, principalmente, a nós mesmos.

6. Faça terapia

Aprenda a lidar com emoções difíceis na terapia de uma vez por todas e aumente cada vez mais a qualidade da sua vida. Lute sempre para ter uma vida boa.

7. Organize sua agenda profissional e pessoal

Identifique as suas prioridades e seja realista. Não se sabote colocando uma série de compromissos durante o dia que sabe que não conseguirá cumprir, a menos que queira se sentir improdutivo e ansioso todo dia.

8. Aprenda a delegar tarefas

Confie na capacidade das pessoas. Pergunte-se: “Será que o fato de os outros se desviarem o mínimo que seja do meu padrão é uma demonstração de que seus padrões são baixos ou não existem?”

9. Tolere as diferenças

Aprenda a tolerar o seu sentimento de raiva quando alguém age de maneira diversa da sua em uma situação. Pergunte-se: se todos agirmos da mesma forma, os problemas terão soluções novas? E lembre-se: “Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil” (Aristóteles).

10. Crie coragem para mudar

Identifique o que lhe causa estresse em seu dia a dia e faça mudanças. Se continuar fazendo o mesmo sempre, o que lhe faz pensar que terá outro resultado?

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Viviane Sampaio é psicóloga clínica.

e-mail: psicologavivianesampaio@yahoo.com.br

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Pais e filhos adotivos: o que interessa é estar em família
Casais que optam pela adoção precisam estar preparados para assumir responsabilidades em longo prazo e saber que os possíveis problemas enfrentados no futuro, muitas vezes, não dizem respeito às crianças adotadas, mas às circunstâncias as quais toda a família pode estar participando.
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“Esses casais, primeiramente, devem ter a certeza do que os leva ao ato de adoção. Diversos casais sabem exatamente o que querem, mas outra parte muitas vezes inicia um processo a partir de um sentimento de perda”, diz Sylvia van Enck, psicóloga clínica especialista em Terapia Familiar e de Casal. Entre esses sentimentos, explica, estão o fato de terem passado por uma tentativa de fertilização artificial malsucedida, a descoberta da esterilidade de um dos cônjuges ou mesmo a morte de um filho (e o desejo de não engravidar novamente).

“É importante que esses casais conversem sobre essas frustrações e tenham claros os motivos da adoção”, diz Sylvia. A psicóloga lembra que a adoção é mútua. Ambos, crianças e pais adotivos, se comprometem emocionalmente. A partir daí são uma família.

“E como em todas as famílias, existem problemas, sempre”, brinca Sylvia. O que pode acontecer, explica, é que muitas vezes alguns problemas simples ganham proporções mais dramáticas, pois a sensibilidade familiar é maior por conta da questão da adoção.

“Se a criança tem um problema na escola – coisa comum entre os adolescentes, por exemplo – os pais podem pensar que pode ser algo relacionado com o fato da criança ter sido adotada. Outras vezes o casal consegue finalmente engravidar e os gestos de ciúmes, que são normais na maioria das crianças, são interpretados como uma crise familiar de proporções catastróficas”, exemplifica Sylvia, e reforça “nem sempre é tudo isso.”

Mas existem crises que podem realmente trazer algo negativo para a relação familiar. “Existem casos em que o sentimento de rejeição que a criança sente é genuíno. Os pais podem não vencer uma resistência inicial de distância e acabarem não se tornando próximos, íntimos, daquela criança. Não se sentindo querida, ela acaba tornando-se agressiva e isso reforça essa distância, virando um círculo vicioso. Se não for quebrado, pode levar a uma situação insustentável para pais e filhos”, alerta a especialista.

Contar ou não contar?

Sylvia observa que muitos pais de crianças adotadas preferem não contar para os filhos sobre a adoção. Em diversos casos existe o medo, dos pais, de serem rejeitados. “Esses pais acham que se contarem, o filho adotivo pode querer ir atrás da família biológica e deixá-los para trás.”

Mas há famílias que têm motivos mais complexos. “O clichê ‘segredo de família’ é real”, diz Sylvia. “Alguns pais podem ter um histórico dramático, sofrido. Eles escondem o fato mais para se proteger do que necessariamente esconder ou prejudicar os filhos. Outras vezes eles acham que os filhos sofreriam mais ouvindo a verdade do que não contando. Nunca é por maldade.”

A psicóloga lembra, entretanto, que a verdade normalmente acaba aparecendo. E esse tipo de atitude pode ser vista, pelos filhos, como algo imperdoável. “Não dá pra achar que um segredo assim possa ser escondido para sempre. Qualquer problema de saúde dos pais ou do filho, uma briga em que alguém da família resolve falar algo ou fatores diversos e incontroláveis podem levar o indivíduo adotado a saber a verdade.”

Sylvia explica que as reações diferem de pessoa para pessoa, mas que todos passam por uma fase de negação e de revolta, com o sentimento nítido de terem sido criados num ambiente de mentiras. O processo de aceitação, nesses casos, é longo e dolorido. Os filhos adotados podem desenvolver atitudes agressivas e os pais, sentindo-se culpados, podem agir compensatoriamente, deixando de impor limites. Outras vezes pais ou filhos entram em um processo depressivo.

Claro que essas são situações extremas. De qualquer maneira, quando se chega nesse ponto, é necessário que a família procure um especialista, afirma Sylvia. É preciso sentar e conversar a respeito, resolver os problemas e ir em frente. E sempre lembrar que problemas, afinal, toda família tem.

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por Enio Rodrigo


A ciência da automotivação

Autoajuda é algo que você faz por si próprio, apesar de algumas pessoas apelarem para os livros de terceiros. Mas como se faz isso? É muito mais simples do que a maioria dos livros diz. Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos EUA, indicam que a pessoas que mais se sentem automotivadas constantemente são aquelas que, quando se deparam com um problema, se perguntam “como resolvê-lo?” e não aquelas que afirmam “irei resolvê-lo”.
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Apesar dos best-sellers encontrados em todas as livrarias, escritos por diversos autores que se dizem pesquisadores especialistas na área (ostentando títulos diversos), há, entretanto, pouquíssima pesquisa realmente científica – feita com base em dados colhidos de indivíduos reais e analisados com cuidado, parcimônia e ponderação. Esse segmento específico de análise é o que os pesquisadores da área de Psicologia chamam de “análise do discurso interno”.

Esse “discurso interno” é o processo que experimentamos quando lemos um livro, por exemplo: ouvimos nesse momento uma voz, dentro de nossa cabeça, que faz uma leitura “em voz alta”. Esse mesmo discurso está presente quando fazemos escolhas ou mesmo quando pensamos sobre nossa vida.

Questionamentos são mais eficazes

O time de pesquisadores, liderado por Dolores Albarracin, Ibrahim Senay e Kenji Noguchi, acompanhou 50 indivíduos, aos quais era sugerido que pensassem durante alguns momentos a respeito da sequência de testes apresentados. Em um teste de anagramas – onde eram apresentadas diversas palavras que deveriam ser remanejadas para formar novas palavras – aqueles que, enquanto esperavam, já haviam começado a formular a solução do problema, tiveram um aproveitamento do teste bastante superior ao daqueles que haviam apenas se programado para fazer.

Em um segundo experimento, os participantes eram convidados a escrever duas sentenças similares, antes da execução da próxima tarefa: “eu farei.” (uma afirmação) e “eu farei?” (uma pergunta). Aqueles que haviam sido induzidos a escrever a segunda frase (de questionamento), novamente tiveram médias superiores.

Por que isso acontece? Os pesquisadores dizem que isso pode estar relacionado ao significado inconsciente do questionamento, ou seja, as pessoas que se faziam uma pergunta, de certa maneira, já estariam se preparando para resolver os testes, e, portanto, se automotivando para a ação.

A mesma sequência de frases (pergunta ou afirmação) também foi usada em um teste de longa retenção – quando a pessoa faz planos e após um tempo relata, aos pesquisadores, se os realizou. Os participantes foram convidados a formular um plano de exercícios. Novamente, aqueles que se perguntavam “quais exercícios farei?’, em vez de afirmar “farei exercícios”, mostraram maior “motivação intrínseca”, um resultado que foi mensurado por meio de testes psicológicos específicos.

Linguagem indica como as pessoas “atacam” um problema

“Nosso estudo focou como o estudo da linguagem – mesmo aquela voltada a nós mesmos – pode influenciar a autorregulação comportamental”, diz Albarracin, cujo trabalho foi publicado no periódico Psychological Science.

“Métodos experimentais estão nos ajudando a investigar o ‘discurso interno’ das pessoas, e como elas se comportam a partir disso”, afirma o pesquisador que indica que as implicações do estudo podem levar a novos métodos de análise cognitiva, social, desenvolvimento da psicologia, assim como apontar novos indicadores clínicos, educacionais e mesmo sobre temas ligados ao trabalho e automotivação.

“A ideia popular é de que ações baseadas em afirmações podem melhorar o modo como as pessoas atingem seus objetivos. Mas ao que parece, questionar o modo como se faz é um método muito mais eficaz. Esse trabalho indica as bases cognitivas de como a linguagem é uma janela potencial entre pensamentos e ações”, finaliza.

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com informações da University of Illinois at Urbana-Champaign


Pais e filhos: dicas para uma melhor comunicação em família


Ouvir e falar com os filhos são pontos cruciais para uma convivência saudável dentro de casa. Mas manter uma boa comunicação em família é uma arte que deve ser exercitada e, quando os filhos chegam à adolescência, isso pode se tornar um desafio. Abaixo, algumas dicas de como manter o bom hábito da comunicação familiar.

• Esteja sempre disponível. Reserve um tempo somente para eles durante o dia e nos finais de semana.

• Tenha em vista quais os melhores horários para conversar com seus filhos. Na hora de dormir, antes do jantar, no carro, por exemplo, podem ser boas oportunidades.

• Inicie as conversas, mas permita que eles falem sobre seu dia a dia. E deixe claro que você está ouvindo com interesse.

• Se você tem mais de um filho, faça planos para ficar um tempo com cada um, individualmente.

• Aprenda sobre os interesses do seu filho. Tente saber qual a música preferida dele, atividades mais prazerosas, esporte predileto, etc.

• Quando seus filhos começarem a falar de algo que os está preocupando, pare tudo e preste atenção.

• Demonstre interesse sobre o que ele fez durante o dia e quais os planos para a semana, mas não queira controlar o que ele faz e nem proíba nada sem antes mostrar por que determinada atividade pode não ser saudável para ele.

• Tente compreender os pontos de vista das crianças, mesmo que não concorde.

• Deixe-os completar seus pensamentos antes de interrompê-los em uma conversa.

• Quando tiver dúvidas sobre o que ele está tentando dizer, repita o que ouviu e peça para ele corrigi-lo.

• Responda às questões feitas pelos seus filhos de forma que fique bem claro o que você pensa. Lembre-se: eles são crianças (ou adolescentes). Nem sempre o que parece claro para você faz sentido para eles.

• Não reaja sem pensar. A forma como você responde a um questionamento ou ideia pode parecer violenta para eles.

• Expresse sua opinião sem descartar a opinião deles. E enfatize que é normal as pessoas não concordarem com tudo que as outras pessoas pensam.

• Não tente ter razão sempre.

• Tente compreender os sentimentos dos seus filhos durante uma conversa. Procurar entender o ponto de vista deles. É uma das mais poderoras formas de se estabelecer boa uma conexão (mesmo que, eventualmente, você não concorde com que está ouvindo ou com a opinião deles).

• Pergunte a eles o que precisam de você: um conselho, um diálogo descompromissado e/ou simplesmente ouvir os problemas são tipos de conversas totalmente diferentes.

• Crianças aprendem por imitação. Na maioria das vezes elas vão seguir seu exemplo ou seu conselho para lidar com os problemas.

• Conversar não é dar sermões, criticar ou ameaçar. Entenda que a forma como você diz as coisas pode ofendê-los.

• E lembre-se: crianças são espertas. Elas podem iniciar uma conversa sem descrever todo o problema para simplesmente ver sua reação inicial (e saber se devem ou não continuar a contar o que acontece na vida delas). Encorajá-las a continuar falando sobre suas vidas é um exercício que requer treino, paciência e compreensão.

Caso você esteja tendo dificuldades de comunicação com seus filhos e não esteja conseguindo vencer as barreiras que os separam de você, talvez seja hora de consultar um profissional de saúde mental. Um psicólogo pode apontar o real problema entre vocês dois. Mas tenha em mente o seguinte: se seu filho não conversa com você, nem sempre o problema pode ser dele, mas talvez seja você quem esteja precisando de ajuda.


Ver outras pessoas exercitando suas virtudes – especialmente ajudar outras pessoas – nos faz sentir melhor. Mas mesmo que essa emoção positiva, ou sentimento de “nobreza”, esteja presente ao nosso redor, isso seria o suficiente para nos convencer a fazer algo similar pelo bem do próximo? Muito provavelmente sim. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada no periódico Psychological Science.

Os “sentimentos nobres” seriam atitudes relacionadas a ajudar outras pessoas, conhecidas ou não, a resolverem seus problemas, independentemente de uma recompensa direta obtida pela ação. Ou seja, ao ajudar alguém, o indivíduo obteria um ganho intangível, possivelmente desenvolvendo uma autoimagem mais positiva.

Em um estudo conjunto, Simone Schnall, da Universidade de Cambridge, Jean Roper, da Universidade de Plymouth e Daniel Fessler, da Universidade da Califórnia, todas nos EUA, observaram o efeito dessa “nobreza dos sentimentos” no comportamento das pessoas: voluntários assistiam a diversos vídeos de curta duração, alguns com mensagens neutras, outros com mensagens de superação e ajuda ao próximo (incluindo cenas de programas televisivos populares, com edições dramáticas, em que prêmios, como casas, são distribuídos).

Os resultados revelaram que os participantes que haviam assistido a vídeos com cenas positivas se ofereciam mais prontamente para repetir a experiência de voluntariado, o que, de acordo com os pesquisadores, indicaria uma maior propensão a ajudar pessoas próximas. Em um segundo experimento, foi medido o quanto esses voluntários ajudariam a completar uma tarefa, mesmo se avisados de que seria trabalhosa e maçante. Novamente os indivíduos que haviam assistido a vídeos mais “nobres” foram mais solícitos do que outros grupos de voluntários.

“Ser expostos a alguma cena ou comportamento considerado socialmente ‘nobre’ pode motivar comportamentos de altruísmo e, potencialmente, promover um aumento do nível de comportamento pró-social entre as pessoas”, concluem os pesquisadores.


A maioria dos jovens, meninos, e, cada vez mais, as meninas, ficam bêbados em quase todas as festas de finais de semana. E a chance de colocarem suas vidas em risco, nestas ocasiões, é enorme. Pessoas extremamente inteligentes, antes da festa, podem, após alguns copos, tornarem-se completos idiotas e fazerem as maiores barbaridades.

O consumo de álcool entre os adolescentes tem crescido assustadoramente e começa cada vez mais cedo. Atualmente, no Brasil, aos redor dos 12 anos.

Diversas pesquisas sobre o assunto, das melhores universidades americanas e brasileiras, revelam que o álcool pode causar danos ao hipocampo e que o completo desenvolvimento do cérebro e, mais especificamente, do lóbulo frontal só ocorre ao final da adolescência (que pode ser até os 24 anos), e concluíram que os danos causados às células neuronais que estão sendo mortas ou lesadas a cada bebedeira vão trazer consequências graves no futuro.

Sim, o álcool pode lesar o cérebro: segundo as pesquisas da Universidade da Califórnia, adolescentes que haviam se embebedado pelo menos cem vezes (contando os finais de semana de festas, vemos que isso não é difícil de acontecer), dos 14 aos 16 anos, apresentaram pior desempenho em testes de memória e, ainda, um hipocampo menor do que os que não bebiam.

Isto quer dizer que o álcool pode, também, diminuir o tamanho do cérebro

Três milhões de adolescentes contraem doenças sexualmente transmissíveis a cada ano no mundo. Nos EUA, duas pessoas jovens contraem AIDS a cada hora. Aqui, os consultórios ficam repletos de meninas violentadas ou arrependidas de terem praticado sexo com estranhos, ou no mínimo, infectadas com o vírus HPV ou várias DSTs, após algumas festas, como no Carnaval, ou no Planeta Atlântida. E por quê? Corpo de bêbado não tem dono, diz o ditado.

Outra alarmante conclusão dos últimos estudos sobre o assunto também revelou que quase a metade dos adultos que começaram a beber antes dos 14 anos torna-se alcoolista. Entre os que iniciaram beber depois dos 21 anos, o percentual de dependência cai para apenas 9%. A formação completa do cérebro só acontece ao redor dos 21 anos.

Podemos pensar, então, que quem toma porres com menos de 21 anos estará lesando um cérebro em desenvolvimento, e, portanto, tenderá a ter um cérebro subdesenvolvido quando adulto.

Além disso, o álcool é a porta de entrada para as outras drogas: maconha, ecstasy, cocaína e o famoso crack. É fácil, estando alcoolizado, ser convencido por um pseudoamigo a experimentar qualquer uma destas drogas. Aí, é lesão cerebral na certa.

Algumas doenças mentais, como o transtorno bipolar, por exemplo, quando existe um histórico familiar e uma predisposição genética, podem vir a desenvolver-se com o abuso do álcool e das drogas.

Fico impressionada quando vejo alguns meninos e meninas completamente alcoolizados, voltando para casa de manhã, quando eu estou acordando. Onde estão os pais para ver isso? Ou será que, pior ainda, veem e acham que não há nenhum problema nisso? Ou será que têm receio de dizer alguns “nãos”?

Os pais têm o dever e o direito de impedir que seus filhos comecem a beber muito cedo e demais. Os jovens precisam, principalmente, de limites e orientação. Dar limite é cuidar. Dar limite é dar amor.

Proíba seu filho de beber antes da idade certa. Não ofereça bebida alcoólica para seu filho, não beba com ele, não patrocine as festas de aquecimento, nem nenhuma festa jovem regada a álcool em sua casa se seu filho ou filha é menor de 18 anos, ou você poderá ser um pai ou mãe falicida.

Ajude seu filho ou filha a ter coragem de chegar em uma festa e recusar a bebida e enfrentar a pressão. Ensine a ele ou a ela que isso não será “pagar um mico”, mas um ato de muita bravura e personalidade. Menino macho mesmo pode ser aquele que tem coragem de não beber com a turma. Menina de cara limpa é mais valorizada do que cheirando a vômito.

Temos que impedir que essa geração de jovens maravilhosos, inteligentes, se torne uma geração de adultos dependentes, sequelados, desmemoriados, lesionados ou drogados pelo álcool.

O futuro do mundo e das próximas gerações depende deles.


Disciplina dentro de casa: mantenha o controle, mas não perca a calma

Entender alguns sentimentos de estresse que os pais projetam sobre seus filhos é um assunto importante e que recebe pouca atenção, de uma forma geral, das pessoas e da mídia. Um estudo sobre a efetividade de disciplinar os filhos usando de pequenas violências (puxões de orelha ou tapas leves) contra as crianças demonstrou a dificuldade que alguns pais têm em manter o controle sobre os filhos, especialmente em períodos de férias escolares, onde a convivência é maior.

Bob Montgomery, presidente da Sociedade Australiana de Psicologia (APS na sigla em inglês), afirma que é interessante que os pais, durante esse período, reconheçam o desafio de manter o estresse fora do ambiente familiar e prestem mais atenção em como controlar seus sentimentos e frustrações.

“Nessa época as crianças podem ser mais irritantes que o normal, pedindo coisas o tempo todo ou procurando chamar a atenção. Isso pode ser exaustivo e frustrante e alguns pais podem perder a cabeça mais facilmente com seus filhos. É possível usar estratégias para se acalmar antes de perder a paciência, como exercícios de respiração, conversar com amigos ou mesmo repetir frases positivas que ajudem a não se deixarem levar pela situação”, diz Montgomery.

Mesmo sair do ambiente para dar uma volta, ir tomar um copo de água, ou tocar um instrumento – para os mais hábeis – pode quebrar um círculo vicioso que levaria a um evento mais violento, físico ou psicológico, contra os filhos.

Punição é diferente de regras

Isso tudo porque uma série de estudos feitos pela APS mostra que a punição física contra o mau comportamento das crianças não funciona e há outros modos de tentar impor uma disciplina aos filhos.

“Usar punições físicas frequentes não propicia que as crianças aprendam a se controlar por si próprias”, afirma o estudo. Além disso, esse tipo de punição não ajuda a ensinar as crianças a diferença entre certo e errado.

O estudo também afirma que os tapinhas ou puxões de orelha deixam as crianças com medo dos pais, mas somente quando eles estão presentes. Se os pais não estão presentes, o nível de desobediência e mau comportamento dessas crianças costuma ser muito pior. E ainda: bater nos filhos também pode influenciar negativamente na qualidade da relação dos pais com as crianças.

Consequência lógica

Entre as dicas da APS para os pais está a necessidade de se ensinar aos filhos a noção de consequência lógica, através de regras. “Se você não se comportar, não terá sobremesa, como da outra vez”, por exemplo, é uma frase desse tipo de disciplina imposta dentro de casa. Castigos simples, que envolvam tirar certos privilégios – não deixá-los jogar videogame ou ver televisão por um tempo – e fazê-los ficar em seus quartos, para se acalmar após uma briga com o irmão, também são outras práticas que usualmente que funcionam muito bem.

O estudo também aponta que ser consistente na aplicação dessas regras é imprescindível. Outra coisa é deixá-las claras e, se possível, traçar – e porque não, escrever e deixar em um local visível – uma série de regras gerais de convívio familiar, elaboradas com a ajuda das crianças. O mais importante, diz o estudo, é ficar calmo: perder a paciência pode indicar, para os filhos, que eles controlam a situação.